terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Programa de Serviços Ambientais em parceria com o Governo de Mato Grosso - Kattomba


2009 Katoomba Meeting XIV in Brazil
Avoiding Deforestation in the Amazon Through PES Markets
April 1-2, 2009
Centro de Eventos do Pantanal, Cuiaba
Mato Grosso, Brazil

Sponsors

Moore Foundation
USAID
The World Bank
Mitsubishi (TBC)
APROSOJA (TBC)
FAMATO (TBC)

Fundação o Boticário (TBC)

Partners

Government of Mato Grosso
Forest Trends
The Katoomba Group
IPAM
Instituto Centro de Vida
Woods Hole Research Center
The Nature Conservancy (TBC)
Aliança da Terra (TBC)
Instituto Socioambiental (TBC)

For more information or questions, please contact Beto Borges at
bborges@forest-trends.org

Tropical deforestation accounts for 20 percent of heat-trapping gas emissions worldwide. In Brazil alone, 70 percent of greenhouse gases emissions come from deforestation in the Amazon region. Forest-based carbon sequestration and REDD are gaining international attention, with Brazil on the center stage, to reduce global emissions necessary to avoid dangerous climate change. More broadly, ecosystem service payments in carbon, water and biodiversity are also becoming a key solution to ensuring the continued provision of nature's services through forests, aquatic systems, biodiversity, and carbon and nutrient cycles.

Join us to hear about the latest developments in carbon, water and biodiversity markets and discuss how they are being created and utilized to help solve some of our most critical environmental challenges.

MEETING TOPICS:

  • The latest initiatives to control deforestation in the Brazilian Amazon.
  • Amazon governors’ presentations on the Global Climate Summit
  • Launching of Mato Grosso State Forum on Climate Change
  • A discussion on REDD options for the Xingu Park
  • The Brazilian Amazon Fund to control deforestation and the country’s official position on REDD
  • How water quality trading markets can contribute to the conservation in the Amazon
  • The emergence of biodiversity markets and how they can be applied in Brazil
  • How to bridge the gap between current challenges and future economic and environmental solutions
  • Create an infrastructure fund for the planet that will invest in our vital natural services

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Forest Trends | 1050 Potomac Street NW | Washington | DC | 20007

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Ano Novo com a plenitude da fartura que nos oferece a natureza


Ano Novo - recebi da minha amiga, a atriz Lu Adams e repasso a todos que amam a integralidade da vida e buscam se livrar da mesquinhez!

Desejo a todos os leitores e amigos deste blog, um feliz natal e um ano novo próspero, pleno de criatividade, de ousadias positivas e de coragem de defender o mais sagrado da ecologia - a vida planetária.

Do Ramon

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De Elisa Lucinda


É do nascedouro da vida a grandeza.
É da sua natureza a fartura
a ploriferação
os cromossomiais encontros,
os brotos os processos caules,
os processos sementes
os processos troncos,
os processos flores,
são suas mais finas dores

As conseqüências cachos,
as conseqüências leite,
as conseqüências folhas
as conseqüências frutos,
são suas cores mais belas

É da substância do átomo
ser partível produtivo ativo e gerador
Tudo é no seu âmago e início,
patrício da riqueza, solstício da realeza

É da vocação da vida a beleza
e a nós cabe não diminuí-la, não roê-la
com nossos minúsculos gestos ratos
nossos fatos apinhados de pequenezas,
cabe a nós enchê-la,
cheio que é o seu princípio

Todo vazio é grávido desse benevolente risco
todo presente é guarnecido
do estado potencial de futuro

Peço ao ano-novo
aos deuses do calendário
aos orixás das transformações:
nos livrem do infértil da ninharia
nos protejam da vaidade burra
da vaidade "minha" desumana sozinha
Nos livrem da ânsia voraz
daquilo que ao nos aumentar
nos amesquinha.

A vida não tem ensaio
mas tem novas chances

Viva a burilação eterna, a possibilidade:
o esmeril dos dissabores!
Abaixo o estéril arrependimento
a duração inútil dos rancores

Um brinde ao que está sempre nas nossas mãos:
a vida inédita pela frente
e a virgindade dos dias que virão
!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Um lugar especial no Rio Grande do Sul - Pousada Velho Estaleiro


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Pousada Velho Estaleiro - São Lourenço do Sul - RS


A Pousada Velho Estaleiro em São Lourenço do Sul/RS, está localizada na Alameda Mano Serpa 40, logo após cruzar a ponte sobre o arroio S. Lourenço.


Pedidos de reserva - Favor escolher a forma que mais lhe facilitar, a seguir:


1. Entre no site e preencha o formulário:

http://www.velhoestaleiro.com/site/contato.htm

ou,

2. Ligue fone: (53) 3251.1939

ou,

3. e-mail: venzke@cybersul.com.br

domingo, 7 de dezembro de 2008

Conheça um pouco do BARU

click na foto acima para ampliar
Fotos: Ramon M Padilha - dez/2008


Amigos, compartilho minhas práticas ecológicas com a árvore do BARU.

A castanha dá pra comer e é muito deliciosa e nutritiva.

Veja no endereço seguinte, mais informações a respeito do baruzeiro.

http://www.slowfoodbrasil.com/content/view/106/60/

Ramon M Padilha

O verdadeiro poder da mão!

click na imagem para ampliar
Foto e montagens: Ramon M Padilha - dez/2008

A imagem acima é uma foto que tirei em uma praça de Campo Grande. Fui até lá, junto com um amigo - o Mário Sérgio, para colher os frutos do baru. O Baru é uma árvore de porte grande e seus frutos caem ao chão nesta época. Ao balançar o fruto, se estiver bem seco, ouvimos o som de uma castanha dentro. É alimento principalmente do caititu - uma espécie de porco do mato. O caititu pensa que é dono da árvore e a árvore pensa que é dona do caititu, pois ele espalha as bagas após roer a polpa. E o homem... pensa que é dono da árvore e do caititu ! risos.

Montei a imagem acima com o objetivo de despertar para o que penso ser a missão do homem: cuidar, preservar, recompor, transformar cenários naturais caóticos (desequilibrados pela própria mão do homem) em cenários belos, equilibrados - onde a natureza possa se manifestar com toda a sua exuberância.

A mão verdadeira é aquela utilizada na prática do bem. A mão é para afagar, plantar, conservar, oferecer algo bom e virtuoso, semear boas sementes em solos férteis e bem preparados. O que importa são as boas realizações, os bons plantios que geram boas colheitas!

O que ando fazendo com a minha mão? É uma pergunta que faço pra mim mesmo, para o meu próprio exame.

Está sujeito alguns usarem sua mão, para decretar prejuízos aos outros, não só materiais, mas emocionais também! Para destruir amizades, para excluir as pessoas e alguns em nome do bem!!! risos.

Alguns metem a mão no erário público pois se sentem donos, patrões, "coronéis"... e com sua mão alteram orçamentos, assinam em baixo e carimbam com a força do seu anel!

Alguns usam a sua mão para retirar do caminho aqueles que incomodam...

Alguns usam a sua mão para matar pessoas, animais, plantas...

Alguns usam a sua mão para indicar quem deve ser sacrificado...

Alguns usam a sua mão para selar acordos feitos às escondidas!

A mão da ilustração é uma mão voltada para a preservação, para o cuidado com todo amor e carinho de plantinhas, que após semeadas, um dia já se tornaram árvores e que ainda continua ativa no processo de plantar mais árvores, para trazer sombra e frutos aos viventes, seja a fauna, a flora, o adensamento das matas que trazem tanto benefício às bacias hidrográficas dos diversos biomas - Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Floresta Amazônica, Pampas, Pantanal - ou até mesmo para refrescar com sua copa frondosa um belo quintal!

Nossas mãos foram feitas para a prática do bem. São cinco dedos!

Conservar as criações de Deus

Inspirar e instruir - através do exemplo, a prática do BEM

Nominar benefícios a todos os nossos irmãos

Captar amizades através do sincero aperto de mão

Orientar as gerações novas para um futuro melhor - alfabetização ecológica, exemplo de boa vivência e convivência!

A tua mão, a minha mão, as nossas mãos, cada uma delas - foram criadas para fazer o bem! Bom proveito!

Ramon M Padilha
Instituto Samaúma Ecologia e Desenvolvimento

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

ConselhoSuperior das DEFENSORIAS SOCIAIS integrado pela DEFENSORIA DA ÁGUA

O OUTRO LADO DO DRAMA DAS ÁGUAS EM SANTA CATARINA
Por Leonardo Aguiar Morelli (*) (Públicado neste blog com autorização do autor)
Curiosamente e não por acaso, o estado que mais sofre com efeitosclimáticos no Brasil, é o mesmo em que o governo local tenta flexibilizarregras ambientais que impedem mais destruição da mata que concentra em seuterritório. Sua capital, também castigada por chuvas intermitentes háquase 90 dias, até sediou uma conferência internacional dedicada aenergias limpas, a ECO POWER.
Santa Catarina tem sofrido com fenômenos naturais há anos, secas permeadaspor furacões (contemporâneos dos dramas de Nova Orleans nos EUA) eenchentes. Lá seu governo arma um circo para dar legalidade a um CRIMEAMBIENTAL que poderá se espalhar pelo país, fruto da ganância e do fortelobby político de empresários, para – através da criação de códigosambientais estaduais – eliminar regras federais que limitam a devastação.
De 10 a 19 de novembro, por pressão de um governador que corre o risco deter seu mandato cassado por abuso do poder econômico, a AssembléiaLegislativa realizou audiências públicas para forjar o processo quepretende acabar com o Código Florestal Brasileiro, incluindo concessões aindústrias poluidoras que não querem dar tratamento correto aos resíduosque gera.
Entidades representativas do agronegócio se unem a setores da indústria debens de consumo pela flexibilização de regras que limitam a açãodegradadora do agronegócio e poluidora de fundições, introduzindo naproposta catarinense, até o reuso de resíduos tóxicos.
Mais curioso é que esse movimento ocorria ao mesmo tempo em que o GovernoLula sancionava a lei da mata atlântica, convocando pela mídia prefeiturase estados a implementar políticas de sustentabilidade ambiental. Podeparecer paradoxal, mas embora o discurso do governo seja um, sua práticatem sido outra e há suspeitas de que por trás da iniciativa catarinense,esteja o aval da Casa Civil do Planalto.
Há mais de um ano a DEFENSORIA DA AGUA (criada como GESTO CONCRETONACIONAL da Campanha da Fraternidade 2004 com apoio da CNBB) denuncia oestado brasileiro por desrespeito aos tratados internacionais que exigem regras mais restritivas nessa área. O projeto catarinense, por ser inconstitucional, pode até ser barrado na justiça, mas servirá para criarum clima favorável à alteração das regras e ao sepultamento de diversasnormas, em especial, contidas no código florestal, isso interessa ao Governo Lula que vem facilitando ao máximo o que pode favorecer o"desenvolvimento a qualquer custo".
E pensar que o absurdo projeto resultou da manipulação de recursosinternacionais que deveriam ter sido investidos exatamente para ajudar oestado a criar regras para a preservação da mata atlântica aindapreserváveis, uma pequena mostra do que se faz sem controle social sobre aaplicação de recursos externos no país.
Quando o KFW (agência alemã de financiamento e cooperação) descobrir que odinheiro emprestado a SC serviu a propósito tão nefasto, certamente aimagem do país ficará ainda pior e a dupla LULA/Luiz Henrique terão de darexplicações, aos europeus e à história. Se aprovada essa proposta, seránecessária uma campanha de boicote internacional a produtos catarinenses,por produzir e degradar com base na política do VALE TUDO.OBS - Embora as autoridades não se dêem conta que a natureza não cobra, sevinga, é graças à sua reação raivosa que talvez os deputados catarinensesnão consigam - como querem seus financiadores - aprovar esse absurdo até ofinal deste ano, afinal, chove muito e SC entra em estado de calamidadepública.
(*) Leonardo Aguiar Morelli é escritor, Secretário Geral do ConselhoSuperior das DEFENSORIAS SOCIAIS integrado pela DEFENSORIA DA ÁGUA(www.defesadavida.org.br)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Uma palavra às indústrias sérias que buscam alternativas corretas à lenha do cerrado.



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Uma palavra aos gestores de indústrias sérias que buscam substituir o uso de lenha do cerrado por soluções alternativas ecológicas



Venho compartilhar a experiência da realidade do potencial de uso de insumos alternativos à lenha do cerrado e os problemas que existem nesse mercado produtivo de biomassa.

1. O insumo com o qual estamos fazendo as experiências de substituição da lenha do cerrado, vem do aproveitamento de resíduos de biomassa vegetal.

2. Onde é encontrado este resíduo para compor os roletes de biomassa vegetal apropriados para queima?

São encontrados nos campos produtivos de sementes de pastagens. São campos com plantio de gramíneas conhecidas e também de leguminosas com características de talos lenhosos e folhagem abundante.

A biomassa nesses campos de produção de sementes é abundante e existem máquinas apropriadas para compactar essa biomassa em roletes apropriados para queima nos fornos industriais.

Neste blog estamos reproduzindo uma experiência feita em uma cerâmica, com resultado satisfatório. Aqueles que se interessarem podem ler essa experiência neste blog sob o titulo


ALTERNATIVAS PARA SUBSTITUIR A LENHA DO CERRADO.

Mas, nem tudo é tão simples assim. Quero compartilhar agora os problemas que existem para que essa biomassa compactada vegetal chegue a ser utilizada de forma regular e perene pelas indústrias.

Ausência de investimentos financeiros e técnicos para apurar o TCI - Total Cost Investment

a) De forma geral, salvo raras exceções, os campos produtivos de sementes, de onde podem ser retirados os resíduos vegetais para produção dos roletes para queima nos fornos industriais, estão nas mãos dos chamados “sementeiros” (geralmente produtores informais) e dos produtores de feno (a maioria também informal) que aproveitam os resíduos para suprir a alimentação animal em épocas sazonais.


b) Como disse, salvo raras exceções, é um mercado com grande informalidade e carente de empreendimentos organizados. A gestão desses campos não tem qualquer intervenção técnica ou científica tais como:

- Ausência de estudos de custos de produção de sementes, contabilmente aceitos (com planilhas técnicas apropriadas);

- Ausência de cálculos de custos do potencial dos resíduos vegetais que podem ser transformados em roletes;

- As propostas de preços de vendas desses roletes de biomassa compactada são feitas de forma aleatória, conforme a necessidade financeira de cada produtor, pois afinal de contas, os resíduos vegetais quando não aproveitados para fabricação de feno, não tem qualquer outra utilidade.

Como são organizações informais, não existe confiabilidade no fornecimento perene e regular da biomassa compactada e também não existe garantia de qualidade, pois os processos produtivos à campo, carecem de desenho e implantação de processos produtivos corretos – geralmente são pessoas com parcos recursos financeiros (salvo exceções) e que não tem a visão de investir na qualidade de processos produtivos.

É um mercado praticamente informal (salvo exceções) sem organização de gestão adequada às normas minimamente aceitas e a cultura organizacional é praticamente inexistente.

Esta é a realidade que percebemos desse mercado e seu conhecimento é muito importante para as indústrias sérias que pretendem de fato substituir a lenha cortada dos estoques nativos por alternativas ecologicamente adequadas.

PROPOSTA DE SOLUÇÕES ESTUDADAS NO INSTITUTO SAMAÚMA ECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO

Cito algumas delas:

1. Que a atividade de produção de roletes de biomassa vegetal com aproveitamento residual de produtos dos campos de produção de sementes – atualmente existentes - que essa atividade seja organizada através de um Arranjo Produtivo, por ser uma fonte econômica ecologicamente correta e estratégica para o estado de MS. O arranjo produtivo deve convidar e envolver aqueles produtores que estejam dispostos a aceitar projetos organizacionais adequados e que ofereçam segurança de fornecimento com cálculo adequado de custos e preços a serem praticados no mercado.


2. O projeto de Arranjo Produtivo deverá, sem dúvida, contemplar consultoria organizacional, consultoria técnica, consultoria de mercado e financiamentos para viabilizar os empreendimentos de produção de biomassa compactada vegetal como insumo substitutivo da lenha do cerrado, a ser utilizado nos fornos industriais.


3. Outra alternativa de solução é a própria indústria, isoladamente ou em conjunto com outras indústrias, organizar campos experimentais produtivos que deverão ser geridos e monitorados, com objetivo de obter os dados básicos de:


- custos de produção por hectares;


- espécies de gramíneas e leguminosas mais eficazes;


- dimensionamento dos roletes apropriados ao uso nos fornos industriais, etc.


4. Conclamar órgãos já instituídos, principalmente a FIEMS ou Associações de Indústrias, para juntos ao Instituto Samaúma e sua equipe (técnicos e universidades) firmar convênios de cooperação técnica para o desenvolvimento desta atividade, de forma organizada e monitorada, visando atender ao mercado sul-mato-grossense que tem uma demanda real de insumos alternativos para substituição da lenha advinda do cerrado, que já se torna insustentável. A aquisição da lenha do cerrado, uma grande parte é feita no mercado informal, com características imputáveis de crime ambiental, haja vista, o alto volume de notificações e apreensões feitas pelos órgãos ambientais. Como já citei anteriormente, esta contabilidade ambiental de retirada dos estoques de matas nativas do cerrado é altamente deficitária para o meio ambiente e para a sociedade, causando também prejuízos às empresas que se sujeitam a comprar a lenha ilegal pela alta necessidade de produção e falta de opções alternativas.

O Instituto Samaúma, como afirmamos, não pretende detectar os vilões, com cnpj e endereço, nem depreciar os atuais produtores “sementeiros” ou "produtores de feno" mas diagnosticar a realidade do mercado e oferecer estudos que possam viabilizar soluções que beneficiem a sociedade produtiva, os empreendedores, as indústrias e principalmente preservem o meio ambiente e os recursos florestais e naturais envolvidos.



Ramon M Padilha

Diretor executivo do Instituto Samaúma Ecologia e Desenvolvimento

Alternativas para substituir a lenha do cerrado



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Uso de biomassa compatada para substituir a lenha em fornos industriais.
Autor: Ramon M Padilha - 26-11-2008

Objetivo: reduzir gradativamente os desmatamentos de estoques de matas nativas do cerrado sul-mato-grossense.



Venho, neste espaço, buscando chamar a atenção e o interesse das pessoas para a realidade da devastação das matas nativas do cerrado sulmatogrossense.

Quem são os grandes vilões? - esclareço: apesar de existirem os vilões, meu principal objetivo não é o de nominá-los - com cnpj e endereço, mas o de buscar soluções viáveis para a substituição da lenha por insumos mitigadores do desmatamento dos estoques nativos de plantas do cerrado.

Quem e por que desmatam o nosso cerrado?


I – O fator necessidade e também a falta de consciência ecológica

É certo que ninguém pega um trator ou um motoserra e se adentra cerrado à dentro somente com o objetivo de destruir o cerrado. Uma grande maioria desmata o cerrado com objetivo de uso dos bens naturais que dele advém, principalmente a questão de uso das árvores nativas cortadas, como lenha, tanto para queima nos fornos industriais quanto para fabricação do carvão.

A pessoa que desmata, toma essa atitude pelos seguintes motivos:

1. Falta de consciência presente do valor de preservar os recursos nativos florestais do cerrado.

2. Necessidade financeira imediata.

3. Uso dos recursos florestais do cerrado para transformar em dinheiro, através de processos produtivos.

4. Uso dos recursos florestais do cerrado para movimentar indústrias que necessitam de energia calorífica. Que são essas indústrias? São indústrias cerâmicas, siderúrgicas, padarias, indústrias de óleos vegetais (soja, milho, canola e outros); pequenas indústrias de alimentos e de transformação, etc.

Pergunto: será que a população tem noção da quantidade de áreas do cerrado que são devastadas diariamente? Será que tem noção da quantidade de lenha nativa que é queimada todo dia nos fornos industriais?

Posso responder que são toneladas e toneladas... no conjunto de espécies nativas cortadas, tem árvores de todas as espécies... ou dá pra pensar que aqueles que estão lá no meio do cerrado, cortando árvores para queimar como lenha, estariam escolhendo que tipos de árvores cortar?

Corta-se todo tipo de árvore... a que vier pela frente. E quanto aos locais?
Cortam-se árvores que protegem nascentes;
cortam-se árvores que protegem as matas ciliares dos córregos e rios;
cortam-se árvores que protegem os topos de morros e as encostas;
cortam-se árvores nos corredores ecológicos naturais;
corta-se árvore de todo tipo e tamanho e em qualquer lugar onde ela estiver disponível.
São milhares de hectares de cerrado nativo que sofrem depredação de forma continua e permanente.

II – Como mitigar essa devastação do Cerrado?

Podemos fazer uma reflexão teórica: através da compensação pelo plantio de novas áreas, etc., mas, penso que teoria e discursos de defesa do cerrado, até agora não estão sendo eficazes para conter o desmatamento.

Quantas sociedades de defesa já foram criadas? O discurso da “defesa” é um discurso ineficaz e ultrapassado! Precisamos de soluções práticas e eficazes.

III – Uma experiência de solução a essa prática predatória dos recursos florestais do cerrado.

Acionei parceiros do Instituto Samaúma para visitar uma indústria cerâmica e verificar “in loco” a verdadeira realidade daquela indústria.

Cito a seguir a experiência realizada.

a) - Primeiro foi feito um diagnóstico de consumo diário de lenha nativa do cerrado.

b) -Volume: três caminhões por dia de madeira semi-triturada, para queima diária nos fornos da indústria.

c) -Solução: pedimos à Cerâmica para fazer uma experiência de queima de biomassa compactada. Essa biomassa compactada foi feita por nossos parceiros, com a colheita de resíduos de leguminosas provenientes de uma área utilizada para produção de sementes de pastagens. Essa biomassa residual está sendo reaproveitada como insumo de queima.

d) -Receita da mistura: 50% de lenha triturada e 50% de resíduos da planta leguminosa (talos, folhas secas).

e) -Resultado: mesmo poder calorífico com redução de consumo de 50% da lenha do cerrado.

Próximos passos:

a) substituição gradativa da lenha do cerrado por biomassa compactada, oriunda dos campos com produção de gramíneas e leguminosas;

b) a substituição será gradativa, pois ainda há necessidade de monitorar de forma técnica e científica as demais abordagens da experiência.

Fato real positivo da experiência realizada:
- mitigação real do uso da lenha proveniente de desmatamentos do cerrado.

Resultado possível – comparativo inicial

No dia 10 de novembro deste ano, publiquei neste blog o artigo,
Problemática: solução alternativa à lenha na alimentação dos alto-fornos de uso industrial . Depois daquele artigo, decidi, com os parceiros do Instituto, fazer uma experiência local - esta que estou narrando.
Reproduzimos nesse dia, aqui neste blog, um fragmento do artigo publicado na mídia local , a respeito do consumo de 450 mil toneladas/ano de lenha somente por uma indústria da região, sendo que cerca de 400 mil toneladas/anual, são obtidas com o corte de mata nativa do cerrado.
Os senhores e senhoras poderiam perguntar, mas de onde sair tanta biomassa para substituir a lenha do cerrado?


Respondo, junto com minha equipe e com setores da universidade envolvidos nas pesquisas:

  • da produção de leguminosas e gramíneas apropriadas, reaproveitando o espaço existente de áreas degradadas e já desmatadas.

  • Além do plantio de leguminosas, nessas áreas, fazendo o reaproveitamento territorial, sem devastar nenhuma árvore sequer, o plantio de leguminosas e gramíneas apropriadas pode também servir para uso em outras finalidades ao mesmo tempo:


a) enriquecimento de pastagens para o gado;
b) enriquecimento do solo, pois tem alta capacidade de fixar nitrogênio e “adubar” ;
c) alimento para o gado;
d) produção de sementes (para reprodução de novos campos em áreas degradadas e desmatadas);
e) massa residual como insumo para compactação e queima nos fornos industriais, substituindo, mitigando e reduzindo a necessidade de realizar desmatamentos das matas do cerrado.


Benefícios identificados:


a) econômicos - para o pecuarista, pois haverá o enriquecimento das pastagens, o enriquecimento do solo, a produção de sementes e o uso residual da biomassa como combustível substituto da lenha do cerrado;


b) ecológicos - para a fauna, a flora nativa e os recursos hídricos, pois não haverá mais necessidade de destruir os habitats naturais para a biodiversidade do cerrado;


c) desaquecimento – pois o plantio de leguminosas, conforme o projeto do Instituto Samaúma e com apoio de pesquisas científicas da universidade, geram o seqüestro de carbono da atmosfera, sendo o seu ciclo produtivo de curta duração e de renovação verde perene.


IV - Decisões práticas e estratégicas necessárias para ampliar estes benefícios de substituição da lenha do cerrado por biomassa compactada

1. Políticas públicas com base em experiências (é o que estamos fazendo, evitando o discurso da defesa e demonstrando de forma prática, ou seja foco na solução.)


2. Despertar o interesse ecológico das indústrias que utilizam a lenha (além do eucaliptus, que também é prejudicial para a fauna , flora nativa e recursos hídricos– este é um assunto à parte para tratarmos oportunamente. Ao invés de investir em florestas comerciais como a tão propalada monocultura do eucaliptus, vamos investir na recuperação de áreas desmatadas e degradadas com aplicação de leguminosas que além de enriquecer o solo, permitem o sombreamento das pastagens com espécies nativas e a recuperação de matas ciliares, áreas de nascentes e adensamento de corredores ecológicos. Plantar eucaliptus para uso em construção ecológica é uma boa oção, mas de forma ecologicamente gerida. Eu particularmente conheço as experiências com a monocultura do eucaliptus em Minas Gerais, e monitorei de perto os largos prejuízos do cultivo desta árvore exótica contra os ecossistemas nativos e recursos hídricos.)


3. Penso ser estrategicamente viável formar alguns campos experimentais, como projetos-piloto para uso destas alternativas de biomassa compactada para substituição do uso tradicional da lenha nos fornos industriais. Em nossa rede de parceiros, temos um parque de máquinas apropriado para fomentar esta atividade, visando a produção de biomassa compactada para substituição gradativa da lenha do cerrado.


4. O Instituto Samaúma, se propõe a junto com as indústrias interessadas, atuar em projetos objetivos que tenham por finalidade principal substituir a lenha por biomassa compactada. Neste objetivo específico já firmamos intenção de convênio com algumas universidades para acompanhamento e monitoramento técnico-científico destas experiências.


5. Nosso pensamento, como Instituto, não é de apontar os vilões, mas de estudar a nossa realidade e buscar soluções conjuntas para criar ambientes mais saudáveis com conseqüente preservação das florestas nativas e recursos naturais.

6. Oferecer nossa contribuição para que as indústrias continuem a produzir de forma eficiente, mas com respeito integral ao meio ambiente e às leis que regulam boas práticas economicamente ecológicas.

Indústrias... façam contato! Queremos auxiliar na viabilidade de experimentar estas boas práticas de substituição da lenha do cerrado com experiências ecologicamente viáveis. Vamos identificar e construir juntos um projeto-piloto devidamente monitorado?


Ramon Padilha
Diretor executivo do Instituto Samaúma Ecologia e Desenvolvimento
e-mail: ramonecologia@gmail.com

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Critérios futuros em rastreabilidade bovina?



Fotomontagem R.M.Padilha : créditos - fonte vaca - internet: frodobalseiro.blogspot.com

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Sinal amarelo na futura adoção de possíveis critérios mais rígidos de rastreabilidade bovina na base do provimento de carne certificada para exportação à União Européia e outros países.


Para que os exportadores de carne nos diversos estados brasileiros possam concretizar seus negócios com compradores de outros países, é óbvio, devem ter o perfeito alinhamento legal de seus processos produtivos de carne bovina destinadas à exportação, frente às normas da tão conhecida “rastreabilidade”. Não faz muito tempo, algumas regiões brasileiras e principalmente o nosso estado de Mato Grosso do Sul, sofreram o embargo para a exportação de carne bovina por estar em falta com os critérios metodológicos que compõe a rastreabilidade. No caso sulmatogrossense - o não-alinhamento integral com os protocolos de controle da aftosa, principalmente na região da fronteira com países vizinhos, foram decisivos na decretação do embargo.

Segundo algumas certificadoras, o Brasil adota alguns modelos teóricos para o processo de rastreabilidade, que são aplicados também a produtos alimentícios - Filière, Supply Chain Management, sendo os principais. Dessa forma se obtém a certificação das ERAs – Estabelecimentos Rurais Aprovados no Sisbov. A Folha do Fazendeiro, edição nº 299 da Acrissul – em seu artigo “MS vai voltar a exportar carne para a Europa”, menciona: “O MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) confirmou no último dia 2 de outubro que a carne bovina in natura produzida em Mato Grosso do Sul – integralmente, sem distinção de áreas de exclusão... voltará a ser exportada para a União Européia...”.

O embargo para exportação da carne bovina sulmatogrossense foi superado, pois rapidamente os órgãos governamentais e as associações de produtores se imbuíram na prática de ações positivas que puderam neutralizar as deficiências que impediam a certificação desses produtos de exportação. Felizmente, para todos - governo e pecuaristas, o canal de exportação já está liberado e as negociações estão sendo retomadas.

Mas, então - tudo agora são flores?

Segundo o superintendente da SFA/MS, Orlando Baez: “Estivemos fora, mas vamos ter que atender a estas exigências para voltar. Será uma corrida contra o tempo? Sim. Mas dentro de um cenário real” (cfe. citado no artigo acima mencionado).

Quero aproveitar para trazer um assunto, que o bom empreendedor da bovinocultura, com visão de futuro, penso, não deve ignorar.
Pense comigo: que tranqüilidade seria se os modelos teóricos e os critérios que atualmente são adotados para qualificar o status de carne exportável continuassem sendo os mesmos! Mas, dentro em breve, está sujeito, pela pressão internacional, que aqueles critérios venham mudar e se substitua o portfólio de exigências pela inclusão de mais itens de valor ambiental.

I – Devastação de florestas nativas para produção de matéria prima de produtos industrializados na área de cosméticos

Cito o relatório do Greenpeace com o título “Queimando Borneo”, cujo relatório, expõe os impactos negativos da produção de dendê - onde florestas nativas da Indonésia estão sendo devastadas e sofrendo os impactos negativos provenientes da implantação de grandes plantios comerciais de palma para extração do óleo dendê.
Nesse relatório está citada a empresa que produz algumas das marcas mais famosas de sabonetes, como uma aliada do panorama de destruição, já que ela compra dendê – que é a matéria prima para a fabricação daqueles famosos sabonetes. Estão sendo destruídas as florestas alagadas de turfa para cultivar a palmácea.
A manutenção desses ecossistemas, que vem sendo destruídos, são vitais nem só para os orangotangos e outras espécies ameaçadas, mas também para a estabilidade do clima - essas florestas estocam grandes quantidades de carbono.

Esse relatório do Greenpeace, divulgado em todo o mundo, vem motivando os consumidores a despertar para o fato de examinar a sustentabilidade ecológica dos produtos que utiliza ou consome. Eu mesmo, que comprava aquela marca de sabonete e shampoo não o faço mais. A seguir o endereço do vídeo publicado pelo Greenpeace.

http://br.youtube.com/watch?v=3dZvzFm72V4

II – Sinal amarelo para os produtores e exportadores de carne bovina

Meu objetivo não é o de abrir um espaço para polêmicas e o famoso jogo do gato e do rato. Mas o de interpretar os fatos, avaliar o cenário atual (o momento que MS enfrenta na retomada dos processos de exportação de carne bovina para o mercado europeu) e trazer um sinal de alerta para o bom entendedor.

Como assim?

No recente fato – o embargo de exportação de carne bovina que ocorreu em Mato Grosso do Sul, providências rápidas foram tomadas e a normalização vem ocorrendo, depois de um período, já que o Estado não exporta desde 2005.

No caso de exigências ambientais, que venham a ocorrer, as providências não são tão imediatas assim. O restabelecimento de matas ciliares, com o plantio de árvores nativas, demanda mais tempo, em torno de 7 a 12 anos, exigindo documentos mais complexos que envolvem o equilíbrio ecológico:
inventário das florestas nativas plantadas dentro do programa de recuperação ambiental; diversidade de espécies florestais nativas;
inventários de flora agregadora;
situação de acolhimento de fauna e sua biodiversidade nos novos refúgios recuperados para a vida silvestre;
grau de recuperação das micro-bacias e recursos hídricos, tais como: índice de vasão dos cursos de águas;
tabela dos componentes de qualidade das águas; pesquisas científicas nas áreas de intervenção para recuperação ambiental, etc...

No caso de existência de plantios de floresta comercial – espécie eucaliptus e outros...
demonstração de corredores ecológicos naturais;
demonstração de talhões comerciais com proteção ciliar de matas nativas;
indicadores de monitoramento de sustentabilidade de fauna e flora nos plantios comerciais;
indicadores de proteção de recursos hídricos – nascentes, cursos de águas (córregos, riachos, ribeirões, rios...) entre outros, tais como planos de manejo de áreas, etc.

III – Tempo de transformar

Estamos vivenciando um momento importante na história ecológica mundial, quando uma nova geração ecologicamente mais consciente vem se formando. São temas comuns nas escolas as seguintes questões:
aquecimento global;
seqüestro de carbono;
importância dos recursos hídricos;
importância da preservação das florestas nativas – em nossa região;
importância das áreas nativas do cerrado e das espécies da fauna (animais, aves...) e flora com toda a sua rica biodiversidade.

A pecuária é historicamente vista como um dos importantes vilões dos recursos naturais do cerrado. Mas este cenário caótico pode ser transformado, através da mudança de atitudes do empreendedor rural, buscando adequar o seu empreendimento com critérios que elevem a atividade econômica rural ao status de ecologicamente correta.

Esta reflexão é mais um alerta, pois a recuperação ambiental demanda mais tempo, do que o desafio ora vencido – o embargo à exportação da carne bovina com critérios de certificação ora vigentes.

É sujeito, dentro de 2 ou 3 anos, que esses critérios venham a contemplar um maior rigor na questão ambiental, cito como exemplo: adoção de programas de carbono zero.
Para não sermos “pegos de calças curtas” é importante que os sindicatos, associações e as próprias políticas públicas governamentais venham prever com antecedência as possíveis exigências e fomentar um processo preventivo que venha melhor qualificar as exigências de certificação para os negócios agropecuários em função de futuros critérios, mais rígidos, que certamente farão parte de novas normas internacionais para exportação de produtos brasileiros e também para a carne bovina de MS.

a) recuperar e revitalizar as matas ciliares (margens de cursos de águas);

b) fazer o sombreamento correto das áreas de pastejo (visando o bem estar do gado e a sua proximidade com a água);

c) adotar espécies de pastagens que contribuam para o seqüestro de carbono e fixação de nitrogênio;

d) manter inventário de flora e fauna atualizados e implantar indicadores de monitoramento das espécies recuperadas e que existem na propriedade;

e) implantar um plano de manejo apropriado a cada propriedade rural;

f) procurar adequar-se ao maior número de critérios de equilíbrio ambiental;

g) buscar previamente a certificação ecológica dos seus produtos;

h) reservar parte de seus lucros para investimentos em responsabilidade social e ambiental notoriamente reconhecidas como justas.
Ramon M Padilha
Instituto Samaúma Ecologia e Desenvolvimento

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Estudos conceituais para implantação e fomento de soluções ao extrativismo florestal nativo do cerrado



Fotos ilustrativas: Fonte das fotos: http://images.google.com.br/images?gbv=2&hl=pt-BR&q=desmatamentos+foto&&sa=N&start=20&ndsp=20

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Projeto Conceitual em Energia Alternativa Vegetal - Estudos para implantação de políticas públicas.


  • Implantação e organização de APL – arranjo produtivo local para fornecimento de produtos de resíduos vegetais como solução de insumos para combustão em altos fornos industriais.

  • Fonte: aproveitamento de resíduos vegetais produzidos na área rural, com aproveitamento de áreas já desmatadas.


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Autoria: Ramon M Padilha - Instituto Samaúma Ecologia e Desenvolvimento (Direitos Reservados)


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Justificativas históricas e ecológicas da necessidade de transformações mediante programa eficaz e políticas públicas adequadas


I – Necessidade do setor industrial onde há operacionalização produtiva com utilização de alto-forno


Em Mato Grosso do Sul estão implantados um elenco de empreendimentos industriais que dependem, principalmente da lenha, para alimentação dos altos-fornos. Como exemplos, para fabricação de produtos nas seguintes áreas, entre outras: indústrias de celulose, indústrias de cerâmica, indústrias siderúrgicas, indústrias de alimentos, indústrias de ração para nutrição animal, etc.


(Aqui será incluído o recurso de um anexo com a relação de todas as indústrias do setor, identificadas mediante Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica).



I.I. Depredação histórica dos estoques florestais do cerrado sul-mato-grossense



É uma realidade que os estoques de mata nativa do cerrado sul-mato-grossense, vem sendo esgotados há décadas. Podemos resgatar fatos históricos, como o alto extrativismo desde os idos da antiga estrada de ferro NOB – Noroeste do Brasil, que praticamente extinguiu os estoques nativos de madeiras de lei, tal como a aroeira, piúva, ipê, pau-ferro e outras diversidades de espécies transformadas em dormentes nas linhas férreas, e também, para combustão nas históricas locomotivas conhecidas como “Marias-Fumaça”, que faziam os trechos da época – Ponta Porã, Campo Grande, Corumbá, Três Lagoas, etc.



I.II – O extrativismo ainda continua nos dias atuais



Ainda nos dias atuais, o extrativismo continua. É a lei da demanda - procura e oferta. O setor industrial de Mato Grosso do Sul exerce uma forte e crescente demanda de lenha para a movimentação dos altos-fornos. A sociedade também exerce uma forte demanda de carvão para uso doméstico e comercial no preparo de alimentos, principalmente o famoso “churrasco”. É fato que à margem da legalização é que se desenvolvem os maiores fornecedores. Essa realidade é confirmada pelas apreensões de produtos, de origem florestal ilegal, feitos pelo IBAMA e pelos órgãos de fiscalização ambiental. Há poucos dias, foi publicado na mídia local, que um empreendimento na área de siderurgia, consome anualmente cerca de 450 mil toneladas de lenha, sendo que os plantios da espécie eucaliptus para consumo chegam a produzir somente 10 % do consumo anual, ou seja, cerca de 45 a 50 mil toneladas.


É óbvio que essa diferença de aproximadamente pouco mais de 400 mil toneladas/ano de lenha, advém dos estoques de florestas nativas do Cerrado. A sociedade técnica e aqueles que estão ligados aos movimentos ecológicos vêem com grande preocupação, esvair-se definitivamente as reservas nativas do Cerrado, "diante do nosso nariz".


Existe a necessidade de atender às demandas industriais, pois sem lenha ou sem um insumo subtitutivo, elas dificilmente poderão se instalar ou permanecer operando no nosso Estado. Diante desse quadro real e objetivo, urge a necessidade de refletir de forma eficaz para buscar a implementação de soluções coerentes e que satisfaçam a todos os envolvidos: o meio ambiente, a economia e a sociedade.


Não estou aqui, criticando ninguém, mas abordando de forma objetiva a problemática que é de interesse de todos os envolvidos: a) interesse do governo que tem como função pública promover o desenvolvimento sustentável no Estado; b) interesse dos empreendedores industriais que buscam territórios naturais, econômicos e fiscais com objetivo de lucro; c) interesse da sociedade que vem se conscientizando cada vez mais da necessidade de integrar negócios, trabalho e renda com a preservação do meio ambiente.



I.III – Contabilidade Ecológica



É fato, que o combate ao extrativismo ilegal e as políticas de conservação e preservação das florestas nativas do cerrado, atualmente não tem eficácia para refrear e conter a repercussão negativa que essa prática causa ao ecossistema, envolvendo outros fatores integrados, tais como a flora: flora medicinal, flora frutífera do cerrado e a fauna: entomofauna, mastofauna, avifauna, ictiofauna etc., causando a rápida diminuição e extinção das espécies da natureza, sem mencionar o elevado prejuízo aos recursos hídricos das bacias e micro-baciais, a degradação do solo, a contaminação dos lençóis freáticos, principalmente do Aqüífero Guarani e a liberação de carbono na atmosfera, sendo também causa do aquecimento global e redução de chuvas. É um portfólio recheado de prejuízos à natureza e com quantificação social, econômica e ambiental.


Qualquer um que fizer uma contabilidade ecológica, já teria plenas justificativas, para cercear de vez, todo e qualquer projeto que envolva o uso de recursos da natureza, sem apresentar um plano operacional consistente de produção de insumos florestais para produção de energia, sem invadir os estoques nativos ora ainda remanescentes. Qualquer estudo de impacto ambiental, em qualquer área, não se justifica o envolvimento de “minimum-minimorum” que autorize o desmatamento das áreas nativas. Pode-se até, explicar no papel dos técnicos, mas não se justifica na contabilidade ambiental da natureza. Definitivamente, não existe mais espaço nem justificativa para se cortar uma árvore sequer. Chegamos ao estágio crítico onde a ordem lógica e conscientemente saudável é fomentar os projetos de recuperação do cerrado, criação de parques e reservas florestas para garantir que os fragmentos remanescentes não sejam mais agredidos; recuperar as margens dos rios e demais cursos de águas; promover a instalação de pastagens para o gado, com sombreamento natural e outras medidas que devem fazer parte de políticas públicas, com um tratamento estratégico e logístico apropriado para que estas ações saiam do mundo dos sonhos e se materializem em nosso Estado e em todo o País. Não é eficiente só multar e multar... sem reinvestir o produto financeiro da multa em projetos ecológicos. Mesmo pagando-se multas, os estoques naturais vem acabando, este não é um fator cerceador da degradação natural.


Os empreendimentos industriais não podem parar, é preciso fomentar também a economia. O que está faltando é equilibrar a demanda com o fornecimento. Para isso é necessário fazer estudos apropriados (estudos estratégicos) e implantar políticas públicas adequadas e objetivas.



I.IV – Os presentes estudos feitos pelo Instituto Samaúma Ecologia e Desenvolvimento



São de caráter estratégico-conceitual e tem o objetivo de propor alternativas de soluções ao uso da lenha nativa dos estoques florestais do cerrado. A proposta estratégica prevê o fomento de uso de áreas degradas para plantio de leguminosas e gramíneas apropriadas que sirvam como insumos para combustão nos fornos industriais. A tecnologia prevê a compactação da biomassa em roletes de matéria vegetal, principalmente os resíduos de algumas leguminosas e gramíneas conforme a seguir:


a) leguminosa estilosantes – plantio em áreas já desmatadas. Consorciar o reflorestamento com espécies nativas do cerrado. É uma planta tecnicamente recomendada, pesquisada pela EMBRAPA Gado de Corte de Campo Grande, com elevada fixação de nitrogênio e índice de seqüestro de carbono. Explicando de forma mais simples, a planta fixa o nitrogênio ,em abundância na atmosfera, e o transforma em amônia e derivados que servem para o enriquecimento do solo e nutrição de plantas nativas em desenvolvimento na área onde está instalada. Seu ciclo é de curta durabilidade, altamente resistente a intempéries. Após a colheita das sementes, sua massa residual pode ser aproveitada para produzir agro-industrialmente os “roletes” de feno, que serão destinados a servir como elemento de solução alternativa na combustão em fornos industriais. É um substitutivo e alternativo ao uso da lenha nativa do cerrado. Matéria prima de uso cíclico e com viabilidade de perenidade na sua utilização pela renovação rápida dos estoques e aproveitamento de áreas já desmatadas.


b) A proposta estratégica passa pela formação de APLs – arranjos produtivos locais com produtores rurais, para formação e exploração de áreas desmatadas, com colheita de sementes para reprodução de áreas e aproveitamento dos resíduos vegetais das espécies plantadas como substitutivo ou alternativo ao uso da lenha nos fornos das indústrias locais, sendo que, com políticas e fomento apropriados, o nosso Estado poderá transformar-se em exportador de matéria de biomassa energética para solucionar esta premente necessidade em outras regiões do país.



I.V – Bolsa Estadual de Insumos para Energia Alternativa de Fonte Vegetal



O Instituto Samaúma Ecologia e Desenvolvimento alerta para a necessidade de incluir estratégias de regulação do mercado, para que ele comece bem. Não podemos esquecer-nos dos empreendedores ilegais e inescrupulosos que, está sujeito, surgirem neste mercado. Tal tipo de “aproveitador sazonal” do negócio poderá sem qualquer padrão técnico, atuar no mercado, sem critérios de preços e desenvolver a prática ilegal do comércio, competindo de forma desleal com quem estará organizado através dos APLs.


Desse fato, provém a necessidade de instalar uma Bolsa de Negócios e de Regulação, com fiscalização da possível marginalidade que certamente virá atuar no setor.


A Bolsa poderá, segundo critérios técnicos, regular os preços, certificar e oferecer garantias de negócios aos integrantes das diversas APLs que poderão ser formadas em diversas regiões do Estado.


A Bolsa também poderá, em convênio de cooperação técnica com outros importantes órgãos do Estado, viabilizar capacitação, aquisição de tecnologias, pesquisa e desenvolvimento de espécies, vegetais a serem exploradas, cadastramento de indústrias e fornecedores... editar periódicos e, enfim, ser um ponto de apoio e de referência para os investidores do setor.



II – Envolvimento participativo de atores públicos e privados



É bem importante que o governo do Estado de Mato Grosso do Sul, através das Secretarias de Estado, das Federações locais, das Associações Industriais, das Universidades, dos Órgãos Financeiros, das OSCIPS e ONGS, das Associações de Produtores, enfim... do aparelhamento público e privado institucionalizado, possam iniciar ou induzir a realização de fóruns, feiras, seminários e encontros regulares para garantir o fortalecimento e a eficácia dos objetivos voltados à disponibilização segura e certificada de insumos em energia alternativa com projetos ecologicamente sustentáveis.


Papel do Instituto Samaúma


O Instituto Samaúma Ecologia e Desenvolvimento sente-se honrado e feliz em poder propor e contribuir com esta visão estratégica de soluções para substituição com alternativas ao uso da lenha explorada, advinda dos estoques nativos do cerrado, certo de que ações proativas nesta área, serão de reconhecido benefício social, econômico e ambiental, contribuindo de forma eficaz para o desenvolvimento sustentável no Estado de Mato Grosso do Sul.



Ramon M Padilha

Diretor Executivo do Instituto Samaúma

e-mail: ramonecologia@gmail.com

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Problemática: solução alternativa à lenha na alimentação dos alto-fornos de uso industrial


Experiência com o uso do feno como matéria prima para produção de energia em altos fornos da Indústria brasileira. Alternativa de uso de biomassa como complemento e substitutivo da lenha, materializando uma solução real e ecologicamente correta. 


O problema da lenha para uso nos altos-fornos industriais 


Um problema que vem se agravando e que há necessidade de atenção por parte dos governos - municipal, estadual e federal, é avaliar e propor políticas estratégicas para atender ao setor industrial, na solução da grave problemática da lenha. 

Em Mato Grosso do Sul, conforme publicado há poucos dias na mídia local, grandes empresas da região (não vou citar nomes), consomem cerca de aproximadamente 500 mil toneladas/ano de lenha para abastecimento dos fornos industriais. 

O estoque através do plantio da espécie eucaliptus, tem capacidade produtiva para atender apenas 10% dessa necessidade imediata. 

E vem a pergunta: de onde vem o restante da lenha? Vamos quantificar no fato acima citado... 450 mil ton de lenha por ano?  

Não é difícil de imaginar... vem dos estoques de matas nativas. Vem do extrativismo, principalmente ilegal, pois a devastação dos cerrados é uma realidade... é só acessar o google-earth e ver a realidade do desmatamento. É só acessar os laudos do Ibama e verificar as autuações por extrativismo ilegal de madeira no cerrado. 

Mas, é importante ver a realidade... para que as grandes indústrias da região possam viabilizar-se economicamente, a questão da lenha é fundamental. Sem essa fonte de energia não há produção. 

Necessidades de políticas e estratégias


O Instituto Samaúma, em contato com outros profissionais da área ambiental, tem estudado o uso de biomassa, principalmente, decorrente do uso do feno de leguminosas e gramíneas, produzidos em rolos apropriados como matéria prima complementar para geração de energia para os alto-fornos. 

Não há como pensar em fontes conhecidas e tradicionalmente utilizadas, tais como gás, diesel, carvão, energia elétrica... nem pensar! 

Observação de fontes alternativas viáveis
 

Possivelmente a grande saída é o uso da biomassa, energia renovável vegetal... mas são necessários, além de incentivo, fomento e políticas públicas, envolver pessoas que já estão trabalhando no assunto e tomar decisões políticas para transformar essa realidade caótica em uma nova postura que coloque o seu município ou o seu estado na vanguarda de ofertar soluções para esta problemática. 

Senhores... vamos pensar juntos... vamos ousar encarar de frente este problema... e buscar soluções ecológicas que atendam as altas demandas para os fornos industriais de MS e do Brasil. 

Ramon Padilha
Diretor Executivo do Instituto Samaúma Ecologia e Desenvolvimento 
e-mail: ramonecologia@gmail.com